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quinta-feira, 4 de março de 2010

A DIFERENÇA

A reunião alcançava a parte final.

E, na organização mediúnica, Bezerra de Menezes retinha a palavra.

O benfeitor desencarnado distribuía consolações, quando um companheiro o alvejou com azedume:- Bezerra, não concordo com tanta máscara no ambiente espírita.

Estou cansado de tartufismo.

Falo contra mim mesmo.

Posso, acaso, dizer que sou espírita-cristão?

Vejo-me fustigado por egoísmo e intolerância, avareza e ciúme; cometo desatenções e disparates; reconheço-me freqüentemente caído em maledicência e cobiça; ainda não venci a desconfiança, nem a propensão para ressentir-me; quando menos espero, chafurdo-me nos erros da vaidade e do orgulho; involuntariamente, articulo ofensas contra o próximo; a ambição mora comigo e, por isso, agrido os meus semelhantes com toda a força de minha brutalidade; a crítica, o despeito, a maldade e a imperfeição me seguem constantemente.

Posso declarar-me espírita com tantos defeitos?

O venerável orientador espiritual respondeu, sereno:

- Eu também, meu amigo, ainda estou em meio de todas essas mazelas e sou espírita-cristão...

- Como assim?

- revidou o consulente agitado.

- Perfeitamente

- concluiu Bezerra, sem alterar-se.

- Todas essas qualidades negativas ainda me acompanham...

Só existe, porém, um ponto, meu caro, que não posso esquecer. É que, antes de ser espírita-
cristão, eu fazia força para correr atrás de todas elas e agora, que sou cristão e espírita, faço força para fugir delas todas...

E, sorrindo:

- Como vê, há muita diferença.

Xavier, Francisco Cândido.
Da obra: Momentos de Ouro. Ditado pelo Espírito Irmão X.

* * * Estude Kardec * * *

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